quinta-feira, 3 de novembro de 2011

POEMAS DE FIM DE SEMANA

Prosseguimos com a divulgação da poesia no feminino; esta semana damos a conhecer o poema "MULHER AO ESPELHO" da poetisa brasileira Cecília Meireles.


Mulher ao espelho

Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.


Dados biográficos :


Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de Novembro de 1901. Órfão de pai e mãe, foi criada por uma avó portuguesa. Foi poetisa, pintora, professora e jornalista.

Ao longo da sua vida, produziu uma considerável obra literária, com a qual ganhou vários prémios, sendo considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa
A Academia Brasileira de Letras concedeu a Cecília Meireles, postumamente, em 1965 o Prémio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.
Fleceu a 9 de Novembro de 1964.

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