quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Reflexões

Comentário ao trabalho realizado pela professora bibliotecária Fátima Matado:

Parece não haver dúvidas de que o papel do professor bibliotecário é imprescindível; o que deixa algumas dúvidas é que todos o aceitem como tal, daí que a colega refira “a necessidade de alterar as mentalidades valorizando a figura do professor bibliotecário”.
Num passado ainda recente, assuntos relacionados com a Biblioteca Escolar e, consequentemente, com o professor bibliotecário não eram considerados, por ninguém, como uma prioridade. Nenhum documento legal destacava o cargo de professor bibliotecário, sendo este abrangido pela figura de “Director de Instalações” a quem eram atribuídas duas horas de redução da componente lectiva (ponto 3.7, do Despacho nº 8/SERE/89, de 08 de Fevereiro).
Basta recordar as competências que os Directores de Instalações tinham, no qual se incluía, como sabemos, o professor bibliotecário, para se perceber a importância que tinha (?) no contexto educativo, a Biblioteca Escolar. E foi assim durante muitos anos.
A sociedade portuguesa assistiu à elitização da instrução e da cultura com as consequências nefastas que tais atitudes tiveram no desenvolvimento social, não havendo sensibilidade suficiente para alterar uma estrutura perfeitamente instalada e que se foi solidificando ao longo dos tempos e aceite por (quase) todos.
O que teria levado à alteração a que hoje assistimos? As mentalidades mudaram assim tanto?
De facto, mudaram mas estão ainda longe do desejável, caso contrário não se estaria ainda a debater o papel do professor bibliotecário. Infelizmente, continua a justificar-se aquilo que a bibliotecária Fátima Matado enfatiza na sua síntese ao referir que o professor bibliotecário deve ser o centro de todas as aprendizagens e que este necessita de conquistar a confiança dos professores e o apoio da direcção.
Na verdade, para além de lhe competir incentivar e motivar os leitores que procuram a Biblioteca com objectivos determinados, o professor bibliotecário deve ir também ao encontro de quem não procura a biblioteca, criando as condições para que passem a fazê-lo e para isso precisa, de facto, de ajuda, não sendo por acaso que se fala na constituição de uma equipa e também de um staff.
Hoje, ninguém duvida que o saber deve ser constantemente procurado se quisermos fazer face às actuais, exigências pelo que podemos afirmar que é insubstituível o papel a desempenhar pelas Bibliotecas Escolares pelo que “Promover a figura do professor bibliotecário” e “promover os serviços prestados pela Biblioteca” seja um desafio fundamental.
Ao professor bibliotecário compete, hoje mais do que nunca aproveitar a oportunidade que finalmente lhe está a ser dado para se formar, promover o seu trabalho e dignificá-lo. É que “Os livros são assim…não precisam do mundo, é o mundo que precisa deles” (Roberto Cotroneo).

5 de Novembro de 2009
Maria Lucília Achando