domingo, 22 de abril de 2012

DIA DA TERRA


A Terra
          Miguel Torga

Também eu quero abrir-te e semear 
Um grão de poesia no teu seio! 
Anda tudo a lavrar, 
Tudo a enterrar centeio, 
E são horas de eu pôr a germinar 
A semente dos versos que granjeio. 

Na seara madura de amanhã 
Sem fronteiras nem dono, 
Há de existir a praga da milhã, 
A volúpia do sono 
Da papoula vermelha e temporã, 
E o alegre abandono 
De uma cigarra vã.